O primeiro semestre de 2021 encerrou com mais de 2,6 mil óbitos em Caxias do Sul, representando salto de mais de 85,5% na média histórica da cidade. Mesmo na comparação com a primeira metade do ano passado, que chegou a ter quatro meses impactados pela pandemia, há elevação no número de mortes que supera os 60%.
Estas informações são da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Rio Grande do Sul (Arpen RS). Conforme a apuração, o período que se encerrou em junho foi o mais mórbido na relação histórica de Caxias e do estado. Embora o aumento de mortes na cidade tenha ficado acima do percentual estadual, a relação de registros de falecimentos com nascimentos no território gaúcho apresenta agravante.
O crescimento vegetativo da população riograndense ficou no negativo, uma vez que foram 845 falecidos a mais do que nascidos.Segundo o levantamento, os primeiros seis meses de 2021 fecharam com o menor registro de novas vidas de um primeiro semestre na história.
O presidente da Arpen RS, Sidnei Hofer Birmann, destaca que o normal seria obter-se o dobro de nascimentos na comparação com os óbitos. Ele destaca que a inversão nestes registros surpreendeu, apesar do conhecimento dos cartórios do elevado número de falecimentos. O oficial cartorário ressalta que a população gaúcha teve um encolhimento, num movimento que de acentuou na primeira metade deste ano. Lembra que o período foi justamente o mais grave do enfrentamento da pandemia no País, comentando que registros semelhantes se apresentam em todo o Brasil.
A série histórica que baseia o estudo da Associação foi iniciada em 2003. O trabalho é desenvolvido com base no cruzamento de dados da Arpen-Brasil e das Estatísticas de Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Aqui vale destacar que o Rio Grande do Sul superou os 66,7 mil óbitos no primeiro semestre do ano, sendo que mais de 31 mil por Covid-19.
Também atenta-se que a doença causada pelo coronavírus vitimou 1.128 pessoas, que compuseram o volume acima de 2,6 mil mortes dos seis meses iniciais de 2021. Após recesso promovido em abril do ano passado, os cartórios não interromperam atendimentos.Eles têm atuado em regime de plantão para receber toda a demanda da pandemia.
É o que comenta o presidente da Arpen, lembrando que houve solicitação por priorização dos trabalhadores do setor junto ao Governo Estadual. A solicitação não foi acolhida. Sidnei Hofer Birmann reconhece que o quadro acaba afetando emocionalmente muitos profissionais. Ele lamenta a situação de sofrimento que é vivida por tantos cidadãos e que também acaba chegando aos cartórios.
O número de nascimentos em Caxias do Sul também teria tido uma redução no comparativo com a média histórica. Ainda assim, a cidade obteve “saldo” de 170 nascidos vivos na relação com o registro de falecimentos. Para a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais a recuperação da média regular gaúcha ainda deve levar algum tempo. Isto porque a entidade verifica relação entre o número de recém-nascidos e de casamentos, que também estão mais escassos na cidade e no Rio Grande do Sul. Entretanto, o ponto mais baixo da realização de matrimônios foi em 2020. Atualmente a Arpen identifica uma retomada no registro de uniões civis.
Fonte: Rádio Caxias