O Nacional – Pacientes com 40 a 69 anos representam 63% das mortes por coronavírus na região

A cobertura vacinal contra o coronavírus reduziu o número de mortes e contágios entre a população idosa na região e os profissionais de saúde observam, agora, um crescimento de óbitos entre os pacientes na faixa etária dos 40 a 69 anos que, segundo o monitoramento do Observatório Regional de Saúde da Região de Agrupamento Passo Fundo, respondem por 63% dos falecimentos pela doença nos 24 hospitais regionais.

Essa mudança de perfil sinalizada pela compilação dos dados epidemiológicos das 62 localidades que integram a Associação dos Municípios do Planalto (Ampla) particulariza os efeitos da imunização contra a Covid-19 e oferece aos gestores públicos uma leitura de cenário mais precisa para conter o avanço da pandemia, como esclareceu o economista e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Zulcemar Zilli. Ele, ao lado de profissionais da saúde, da área legal e administrativa, interpreta as variáveis da crise sanitária no comitê para enviar ao Governo do Estado uma contra argumentação quando há a emissão de alerta no novo modelo de Distanciamento Controlado. “Uma das principais razões para essa mudança está no fato de que, a partir da vacinação, você tem um volume maior das faixas etárias imunizadas e elas acabam estando mais protegidas”, afirmou o docente ao jornal O Nacional na quinta-feira (20).

Ao individualizar os dados, Zilli menciona que a letalidade do vírus é menor entre os idosos a partir dos 80 anos. Isso porque, em dezembro, essa faixa etária representava 31% do total de mortes pelo coronavírus na região. Em abril, já com a imunização em andamento, esse percentual caiu para 17% e, até o dia 18 de maio, para 13%. O mesmo padrão de comportamento, diz, pode ser observado nos munícipes com 70 a 79 anos: no último mês do ano passado, adotado como referência para os cálculos, esse grupo respondia por 33% das mortes nos municípios da região. Em abril, o índice decaiu para 29% e se manteve em 20% neste mês. “A maior parcela de óbitos, hoje, ocorre entre 50 a 69 anos. Isso não era o que ocorria há vários meses atrás. A vacina tem um efeito muito importante”, destacou.

Contágios 

Assim como as mortes, o índice de contágio entre os mais idosos também diminuiu com o avanço da imunização. Se, há 6 meses, a população acima de 70 anos era a mais vulnerável, agora é a faixa etária intermediária que se contamina mais, ressaltou o economista. “O percentual entre as pessoas com 50 a 59 anos passou de 19% para 23%, e das com 40 a 49 anos de 24% para 26%. São as duas faixas com maiores contaminações”, detalhou. Um conforto e relaxamento nas medidas sanitárias, considero Zilli, pode ter contribuído para a maior exposição desses grupos ao vírus. “A tendência é que tenhamos cada vez menos pessoas indo à óbito, caso esse novo momento que estamos vivenciando não dure por muito tempo”, analisou.

Morte entre jovens cresce 584% em Passo Fundo 

Embora os dados fornecidos pelo comitê correspondam ao quadro epidemiológico regional, o Portal da Transparência do Registro Civil individualiza o avanço da pandemia nas localidades brasileiras a partir de uma base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

Ao cruzar essas informações com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados enviados pelo Cartório de Passo Fundo, a faixa etária que registrou o maior percentual de aumento em relação à média desde o início da pandemia, no município, foi a da população entre 20 e 29 anos, com aumento percentual de 584% nas mortes por Covid-19 em relação à média de mortes desta faixa etária desde o início da pandemia. A população de 40 e 49 anos, também registrou crescimento, de 204% no número de óbitos em abril na comparação com o período que vai de março de 2020 a março de 2021.

Na sequência, a faixa etária que vai dos 30 aos 39 anos viu o aumento do número de óbitos crescer 120% em relação à média para esta faixa etária desde o início da pandemia. Outra faixa etária que registrou crescimento foi a de pessoas entre 50 e 59 anos, com óbitos aumentando 80% em relação à média desde o começo da pandemia, de acordo com a plataforma virtual.

Ainda em crescimento, mas em patamares inferiores, a população entre 60 e 69 anos registrou aumento de mortes de 74% em relação à média desta idade no período, mas com uma diminuição de falecimentos, passando de 23 em março para 20 em abril. Nas demais faixas etárias, já vacinadas, o número de óbitos caiu em relação à média desde o início da pandemia, reduzindo 34% na faixa entre 70 e 79 anos, 78% entre 80 e 89 anos, e 76% na população entre 90 e 99 anos. Com isso, abril foi o segundo mês mais letal, depois de março, para os passo-fundenses com idades entre 20 a 59 anos que, à espera pelo cronograma de vacinação para suas respectivas idades, assistiram a um aumento percentual de 500% nos falecimentos pela doença, segundo indicou o Portal da Transparência do Registro Civil.

Fonte: O Nacional